![]() |
Foto: Cimi |
Pouco depois, o assessor da Secretaria de
Articulação Social da Secretaria Geral da Presidência da República, Avelino
Ganzer, foi até o canteiro ocupado, escoltados por policiais, para propor uma reunião
entre uma comissão indígena definida por eles e um grupo interministerial, em
Altamira, na próxima segunda, 6.
O pedido foi recusado. “Se querem
conversar, terão de vir até aqui. Não iremos para Altamira. Já fomos muito
atrás do governo e agora queremos que eles venham até nós”, disse Valdenir
Munduruku.
Como
resposta, eles lançaram outra carta a público, conclamando o apoio da sociedade
brasileira contra o polêmico projeto e reafirmando suas posições. Veja a seguir.
Carta da ocupação
nº 2: sobre a pauta da nossa ocupação de Belo Monte
Não estamos aqui para negociar com o Consórcio Construtor Belo Monte.
Não estamos aqui para negociar com a empresa concessionária Norte Energia. Não
temos uma lista de pedidos ou reivindicações específicas para vocês
Nós estamos aqui para dialogar com o governo. Para protestar contra a
construção de grandes projetos que impactam definitivamente nossas vidas.
Para exigir que seja regulamentada a lei que vai garantir e realizar a
consulta prévia - ou seja, antes de estudos e construções!
Por fim, e mais importante, ocupamos o canteiro para exigir que seja
realizada a consulta prévia sobre a construção de empreendimentos em nossas
terras, rios e florestas.
E, para isso, o governo precisa parar tudo o que está fazendo. Precisa
suspender as obras e estudos das barragens. Precisa tirar as tropas e cancelar
as operações policiais em nossas terras.
O canteiro de obras Belo Monte está ocupado e paralisado. Os trabalhadores
que vivem nos alojamentos nos apóiam e deram dezenas de depoimentos sobre
problemas que vivem aqui.
São solidários à nossa causa. Eles nos entendem. Tanto eles quanto nós
estamos em paz. Tanto eles quanto nós queremos que os trabalhadores
sejam levados para a cidade. O Consórcio Construtor Belo Monte precisa
viabilizar a retirada dos trabalhadores a curto prazo e garantir abrigo para
eles na cidade.
Nós não sairemos enquanto o governo não atender nossa reivindicação.
Canteiro Belo Monte, Vitória do Xingu, 3 de maio de 2013
Assinam os indígenas caciques e lideranças,
ribeirinhos e pescadores da ocupação pela consulta.